Cerca de 72 mil pessoas fugiram do distrito de Memba, em Nampula

 Ataques em Nampula obrigam quase 72 mil pessoas a fugir das suas casas

Organização Internacional para as Migrações (IOM) estima que 71.983 pessoas abandonaram o distrito de Memba, na província de Nampula, num único período de sete dias, devido a uma nova vaga de ataques perpetrados por grupos armados não estatais. 

relatório da agência das Nações Unidas indica que a violência registada entre 10 e 17 de Novembro desencadeou um movimento massivo de deslocados, agravando ainda mais a crise humanitária no norte de Moçambique durante 2025.

Segundo dados recolhidos entre 16 e 23 de novembro, cerca de 14.172 famílias procuraram refúgio no distrito vizinho de Eráti. 

Os principais pontos de acolhimento incluem o posto administrativo de Alua, onde se concentram 49.924 pessoas, Miliva, com 8.895 deslocados, e a Escola Primária de Alua Velha, que acolhe mais de 13 mil pessoas. As crianças representam 67% da população deslocada, uma situação que levanta sérias preocupações quanto ao bem-estar e proteção.

Os centros de acolhimento enfrentam sobrelotação e condições precárias, com famílias instaladas em salas de aula, tendas improvisadas ou espaços abertos, expondo-se à chuva, à escassez de água potável e a riscos sanitários. 

A IOM alerta que mulheres, meninas, idosos e pessoas com deficiência estão particularmente vulneráveis, enfrentando riscos acrescidos de violência baseada no género e falta de privacidade. Há também registo de crianças desacompanhadas e aumento de sofrimento psicológico entre aqueles que fugiram a pé durante dias.

O governo moçambicano e organizações humanitárias têm fornecido assistência imediata, incluindo alimentos, abrigo de emergência, kits de higiene e cuidados de saúde, mas os recursos continuam insuficientes face ao fluxo contínuo de novos deslocados. 

A IOM reforça a necessidade urgente de reforço da resposta humanitária e de coordenação entre setores para melhorar as condições nos centros de acolhimento.

A recente vaga de violência já causou pelo menos cinco mortes no distrito de Memba, segundo o governador de Nampula, Eduardo Abdula. A instabilidade obrigou ainda à suspensão de vários projetos públicos, incluindo a construção de um centro de saúde e do sistema de abastecimento de água.

Grupos alinhados ao Estado Islâmico reivindicaram ataques na província, afirmando a morte de cinco cristãos e a destruição de habitações e uma igreja. A província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, enfrenta ataques extremistas desde 2017, mantendo a região em constante estado de alerta.

Fonte: Lusa
Foto: IOM Moçambique

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